Falta de vergonha
A minha participação na campanha do referendo tem sido mitigada pela minha própria inclinação para a radicalidade. Uma vez que não consigo manter um debate elevado, fico calado. No outro dia fui a uma missa e apareceu lá um artista a explicar porque é que votava não: fui-me embora antes que ele começasse a falar (assim como sairam muitos católicos que acharam a campanha obscena) e eu começasse a responder. Tudo isto para dizer que, ao contrário de algumas opiniões, considero que o Sim tem feito uma campanha inteligente, ponderada e de enorme sangue frio. Apesar de todos os dias sermos confrontados com uns idiotas que acham que dão mais valor à vida (a própria expressão "vida", como já explicou Pacheco Pereira, é manhosa) do que nós; apesar de todos os dias nos chamarem assassínios e exterminadores; apesar de todos os dias nos lembrarem como nós gostamos de cortar fetos aos bocados, arrancar corações e acabar com bébés que chucham no dedo. Apesar disso tudo (e muito mais), repito que o sim tem conseguido cerrar os dentes, não cedendo um centímetro ao sentimentalismo fácil, à chantagem psicológica ou à intimidação provocatória. É por isso que me dá vontade de rir cada vez que um menino (ou menina) saído debaixo das saias do padre João Seabra brama aos sete ventos que o sim baixa o nível do debate. Tenham vergonha, sff.
2 Comments:
Subscrevo inteiramente.
Ao contrário do que se passou no último referendo, julgo que na campanha deste os movimentos do SIM têm sido muito mais civilizados, enquanto que os do NÂO fazem quase terrorismo com a manipulação e contra-informação veiculada na campanha.
Só espero que as pessoas tenham olhos para ver o que realmente está em causa.
Pois exactamente Raquel, o que está em causa não é saber quem se portou melhor ou pior na campanha, mas, o que é incrível é que ainda há gente que vota numa pergunta destas porque não gosta daquele ou do outro.
E também o subscrevo, FTA, aliás, tinha saudades do seu bom radicalismo.
Enviar um comentário
<< Home