quarta-feira, janeiro 03, 2007

Everything and Nothing

Agora que parece estar na moda desvalorizar os génios - Oscar Wilde dizia que "nos velhos tempos os livros eram escritos por homens das letras e lidos pelo público e que hoje são escritos pelo público e lidos por ninguém" - volto a Borges. No livro Genius, do crítico literário Harold Bloom, recorda-se o Shakespeare visto pelos argentino: "Haunted, hounded, he began imagining other heroes, other tragic fables. Thus while his body, in whorehouses and taverns around London, lived its life as a body, the soul that lived inside it would be Caesar, who ignores the admonition of the sybil, and Juliet, who hates the lark, and Mcbeth...No one was as many men as that man - that man whose repertoire, like that of the egyptian Proteus was all appearances of being"".
A história, que é invulgarmente moral, contém ainda um episódio em que o próprio Shaskeaspere se encontra perante Deus:
"History adds that before or after he died he discovered himself standing before God, and said to him: I who have been so many men in vain, wish to be one, to be myself. God´s voice answered him out of a whirlwind: ´I, too, am not I; I dreamed the world as you, Shaskespeare, dreamed your own work, and among the forms of my dream are you, who like me are many, yet no one´".
Tendo em conta que o próprio Borges concluirá vinte cinco anos mais tarde que "simplesmente o que que sou far-me-á viver", pergunto-me se não sou , simplesmente, o sonho de um Deus menor do que aquele que sonhou Shakespeare. E concluo que cada um tem o Deus que merece.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

peço permissão para discordar.
então e o bloguitica?

3:36 da tarde  
Blogger José Gomes André said...

Excelente texto e um belíssimo blog. Parabéns!

Bem Pelo Contrário

3:53 da manhã  

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