quinta-feira, dezembro 28, 2006

Jornalismo


Na Vanity Fair de Janeiro conta-se a história dos anos loucos (os 60) da Esquire comandada por Harold T.P. Haynes. No meio da violência racial , faz-se uma capa do ameaçador e preto campeão do mundo de pesos pesados Sonny Liston com um chapéu de pai natal; Cassius Clay martirizado como S. Sebastião depois de abraçar o Islão e se recusar a servir no Vietname; Andy Warhol afogado numa lata de sopa campbells para retratar "o declínio final e colapso total da Avant-Garde americana"; um magnífico retrato de de Frank Sinatra a ilustrar os seus problema de poder e uma capa negra (no fundo e na mensagem) na qual surge citado um soldado no Vietname ( "Oh my God - we hit a little girl") são apenas alguns dos motivos de interesse sobre esta peça de jornalismo sobre jornalismo.
Haynes comandou alguns dos maiores escritores americanos contemporâneos (Tom Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer, Gore Vidal ) e foi verdadeiramente revolucionário: não tinha problemas em entregar as suas capas a publicitários e dizia que era uma brincadeira de crianças transformar uma notícia qualquer de um qualquer jornal diário numa peça única de reportagem da Esquire. Os seus empregados, com método de escolha de reportagens, divertiam-se a lançar dardos para páginas do Times coladas na parede. "Ponto de vista; "tom" , "perspectiva" e "irreverência" eram palavras de ordem na redacção da Esquire. Haynes é ainda gabado como o chefe que se comportava como o mais exigente dos leitores. Com uma leitura, decidia se um artigo era bom ou mau (e este para mim é o único critério para se ser director de um jornal). Pergunto-me o que diria da nossa imprensa E dos(quase todos) que ganham a vida a copiar ideias (e, pior, capas) dos outros...

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pena é que também não se refira aos neocons, designadamente ao que debita Richard Perle a propósito da guerra do Iraque, mas lá por isso eu passo a citar um segmento da entrevista:
"I think if I had been delphic, and had seen where we are today, and people had said, 'Should we go into Iraq?,' I think now I probably would have said, 'No, let's consider other strategies for dealing with the thing that concerns us most, which is Saddam supplying weapons of mass destruction to terrorists.' … I don't say that because I no longer believe that Saddam had the capability to produce weapons of mass destruction, or that he was not in contact with terrorists. I believe those two premises were both correct. Could we have managed that threat by means other than a direct military intervention? Well, maybe we could have."

Percebeu?

12:42 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

...a culpa, segundo esta pitonisa é só do Bush...

12:54 da manhã  
Blogger FTA said...

Li e gostei desse artigo.

12:18 da tarde  

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