Comida e jornalistas
Num livro patrocinado pelas sopas Maggi e intitulado A Arte de Bem Cozinhar, Baptista-Bastos faz uma introdução magnífica que versa sobre as relações entre a linguagem jornalística e gastronómica. Por exemplo, há filetes mas não são só de peixe. Filete é (era) também "um objecto tipográfico que divide (ia) as colunas ou que separa (va) os artigos". Havia ainda "um tipo de letra chamado "espadinhas": alongado e cujo o nome advém da palavra espada". Também há consaguinidade no "caldinho": "quando um jornalista falhou um serviço que lhe estava marcado, e sabe que um outro jornalista foi a esse serviço, pede-lhe ajuda". Essa ajuda é o caldinho.
Por outro lado, e estas expressões transitaram para a minha geração, "encher chouriços é encher colunas dum jornal sem critério, sem criatividade" e "um molho de brócolos é, na nossa gíria, uma peça mal feita, mal organizada". Já "um empastelado é quando a composição do jornal se desmachou". Baptista-Bastos recorda ainda uma história antológica sobre o "linguado" que, para os mais desactualizados, era um "papel com uma configuração rectangular" e no qual os jornalistas escreviam. Acúrsio Pereira, chefe de redacção do Século, pediu a um contínuo, de nome Tomé, que lhe fosse "buscar linguados". Passado muito tempo, Tomé regressou com uma alcofa e disse ao jornalista: "Olhe, ó sô Acúrsio, eu não trago linguados, mas fui à peixaria e trago aqui carapauzinhos bem fresquinhos e bem saborosos".
Por outro lado, e estas expressões transitaram para a minha geração, "encher chouriços é encher colunas dum jornal sem critério, sem criatividade" e "um molho de brócolos é, na nossa gíria, uma peça mal feita, mal organizada". Já "um empastelado é quando a composição do jornal se desmachou". Baptista-Bastos recorda ainda uma história antológica sobre o "linguado" que, para os mais desactualizados, era um "papel com uma configuração rectangular" e no qual os jornalistas escreviam. Acúrsio Pereira, chefe de redacção do Século, pediu a um contínuo, de nome Tomé, que lhe fosse "buscar linguados". Passado muito tempo, Tomé regressou com uma alcofa e disse ao jornalista: "Olhe, ó sô Acúrsio, eu não trago linguados, mas fui à peixaria e trago aqui carapauzinhos bem fresquinhos e bem saborosos".
3 Comments:
Agora os linguados chamam-se "french kissings". É a globalização.
JPH
ná, jotapêagá. nada de poprcarias. e tu, francisquinho, não caias nos mesmos erros que eu: bróculos é com oooooo, não uuuuuuu. brócolos. e sobretudo não os compres no corte inglês. xxx (isto, caso a restante malta não saiba ou resolva confundir, são beijinhos em linguagem internacional. beijinhos daqueles pequeninos, repenicados,educados, nada french).
Ainda andam às voltas com a empregada doméstica e os "bróculos" da Fernanda Câncio?
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