sexta-feira, setembro 01, 2006

O Independente (3)

Fernando Esteves, ex-jornalista do Independente

"Pecado original

Tinha 16 anos quando decidi que ia trabalhar para o Indy. Aos 21, numa atitude levemente Kamikaze, decidi que estava na altura de entrar. Pela porta grande, claro está. Vai daí, agarrei em mim e, munido um textinho genial dobrado dentro de um envelope endereçado ao Domingos Amaral (na altura editor da Revista), lá fui ao jornal cumprir a profecia infanto-juvenil. Com sucesso: Lá passei as enormes portas da recepção do jornal e deixei o envelope nas mãos de um ilustre representante da… Securitas. Acto contínuo, fugi para não ser apanhado por olhares indiscretos. Não queria que ninguém testemunhasse aquele exercício de total e incondicional humilhação, em que um pós-adolescente pede desesperadamente para repararem que ele existe. Um minuto depois - e 150 metros de corrida bem medidos - , constatei que tinha cometido um erro. Não tinha: no dia seguinte, o Domingos Amaral telefonou-me e disse-me que queria falar comigo. Falou, encomendou-me um trabalho e eu, por motivos que não vêm ao caso, acabei por mandá-lo a ele e ao Indy darem uma volta.

Cinco anos passados, feridas cicatrizadas e a paixão adolescente despertou novamente. Era sexta-feira – que saudades das sextas-feiras – e disse à Teresa Madeira, na altura editora da secção de Internacional do defunto Euronotícias, que ia trabalhar para o Indy. Ela estava com um exemplar do novo jornal debaixo do braço. O MEC tinha voltado a ser director e eu tinha de entrar naquele barco. Daquela vez já não foi preciso falar com o tipo da Securitas e um mês depois entrava pela redacção, desta vez para ficar. E constatar que não há amor como o primeiro. Aquele em que tudo é permitido. Sobretudo se for proibido. O pecado circulava no ar. E foi de pecado em pecado que o inferno começou a tomar conta do lugar. Não foi por falta de aviso, mas acreditávamos honestamente na máxima leninista: daríamos dois passos para a frente por cada um que recuássemos. Não demos, mas o pecado valeu a pena. Agora, resta esperar por outro jornal onde seja possível organizar “Vodka Parties” na quinta-feira, três horas antes da saída do jornal para a gráfica."

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E a tese, Esteves? Onde está a tese de mestrado sobre O Independente? Quero lê-la, espero que não tenhas desistido.

1:09 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A "máxima leninista" é cultura "à la" O Independente; a citação do Lenin é ao inverso: um passo em frente, dois à retaguarda.

3:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

foi o problema crónico que os jornalistas do Indy sempre tiveram com os pormenores que mataram o jornal...

4:17 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

este fernando esteves jornalista é o mesmo que num post feito no blog
medico explica medicina a intelectuais revela a qualidade de mente suja que é o ser despresivel que é e que o unico lugar que merece é a sargeta

4:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pois é, o tal que se acha no direito de chamar nomes às pessoas, sem as conhecer de lado nenhum!
Já não lhe basta fazer "notícias" sem suporte, agora deu-lhe para ser mal-educado!

1:08 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Gostei deste Post. E fico triste só porque um jornal fechou....
Este jornalista já tem história. Mesmo que venha a morrer à fome!
Deus o acompanhe sempre e lhe dê sucesso
São os meus votos sinceros!

12:17 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Fanã, és o maior!

9:21 da tarde  

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