terça-feira, maio 23, 2006

Gostos não se discutem

"Tenho um fraquinho pelo estilo campestre de Fátima Campos Ferreira (...)"

Pedro Lomba no Vício de Forma

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sim, se ela fosse uma loira da linha os Pedros Lomba desta vida já não mandavam bocas...

5:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Francisco Rubiales escreveu há dois dias, no blogue "Voto en blanco" sobre o fenómeno da blogosfera. "Recorto" apenas um excerto:

«El extraordinario auge de los blogs sólo puede explicarse porque, cansados de ser manipulados y de recibir información trucada que no responde a sus propios intereses sino a los de gobiernos, partidos, instituciones, empresas y quizás también mafias y lobbys, los ciudadanos han decidido convertirse en periodistas y crear nuevos medios más fiables, el principal de los cuales es el blog.»

6:03 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O debate maledicente de ontem, na RTP, entre três carpideiras personagens e o dr. Pacheco Pereira (de permeio) foi um arraial pavoroso de canalhice, que incomoda. O instinto grosseiro, provocador, ordinário mesmo, revelado ao longo do programa pelo trio de pavões que nos saiu na rifa televisiva, não foi agradável de seguir. Não foi, por isso, uma polémica séria, honesta e esclarecedora. Aliás, nesta lastimosa querela - como se pode estimar pelas várias defesas d'honra esculpidas em diversos locais (incluindo a blogosfera) pelas sentinelas do jornalismo corporativo ou "de classe" (ou, mesmo, por putativos candidatos) - as declarações dos indígenas instruídos sobre o assunto já estavam anteriormente assumidas. O hediondo mau da fita, para a tribo corporativa, tinha um nome só: Carrilho.

O programa foi, portanto, não um espaço para debater a corrupção no jornalismo, como é evidente ao longo das acusações de Carrilho e de Rangel, e o modo como empresas e jornalistas acofiados manipulam a opinião pública e publicada, mas uma arena de vaidades e de bufarias. Lamentavelmente.

Mas goste-se ou não da personagem Carrilho (bem retratado por Pacheco Pereira quando regista, com acerto, a máxima: "quem vive pelos jornais, morre pelos jornais"), faz todo o sentido - para que não se esqueça a questão substantiva - o que escreve José Vítor Malheiro (no Público) sobre o espectáculo da "minimização das criticas de Carrilho" ou "desagravo" corporativo, imoral, às acusações feitas. Diz:

"No fundo, tudo se passa como no proverbial caso da prostituta violada, que não consegue ver a sua queixa aceite pela polícia".

O dr. Pacheco Pereira ainda compreendeu, mas já era tarde demais e o local não era o mais aprazível. Quanto ao inenarrável Ricardo Costa a impudicícia demonstrada nos argumentos, todos dignos de delator ou de garoto escolar (eu fiz, mas sei que tu também fizeste), é o episódio mais marcante e terá efeitos nefastos, seguramente, no futuro. Afinal ... the show must go on.

Posted 3:51 AM by masson

8:38 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

É tempo de agir

Embora sem a atenção e a disponibilidade que desejaria, tenho acompanhado o debate em curso sobre o jornalismo, na sequência da publicação do livro de Manuel Maria Carrilho.
Não estou seguro que, dos factos, pseudo-factos e argumentos invocados, possamos concluir que o diagnóstico está feito. Longe disso.
Por outro lado, não se deve esquecer que o "campo jornalístico" (e a compreensão da sua complexidade) não pode, hoje, ser confinado às redacções e aos jornalistas. [Um sintoma disso mesmo é aquela notícia do Expresso do último fim de semana, segundo a qual mais de 70 por cento das matérias de primeira página dos principais media impressos reflectem não a agenda dos jornalistas mas a agenda das agências de comunicação, ou seja, o interesse e poder de agendamento das fontes organizadas. Nada de particularmente novo, mas que, lido assim em letra de forma, deveria suscitar um abanão].
A minha pergunta, neste contexto, é esta: não será chegado o tempo da iniciativa? Entidades e instituições como as associações profissionais e sindical de jornalistas, o Conselho Deontológico do Sindicato, a Entidade Reguladora, a Confederação de Meios e as instituições de formação de jornalistas, entre outras, têm, cada uma de per si, algo a fazer. Mas a percepção da complexidade do puzzle não exigiria que pensassem em algo todas juntas?
|trackback| 0 commentário(s) Publicado em Maio 24, 2006 por Manuel Pinto

8:42 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

A culpa é sempre dos outros?


Vicente Jorge Silva
Jornalista
Têm-me perguntado insistentemente o que penso do já célebre livro de Manuel Maria Carrilho. Acontece que na Madeira, onde me encontro há mais de dez dias, nenhuma livraria o recebeu ainda, apesar de todo o lastro de furor mediático que acompanhou o seu lançamento, e que justificaria decerto uma maior destreza de distribuição por parte da respectiva editora em todo o território nacional. Do livro, portanto, sei apenas o que li nos jornais e (ou)vi na televisão, mas fiquei convencido, pela rapidez estonteante das reacções, que muitos dos supostos leitores de Carrilho poderiam estar também na Madeira como eu. Em qualquer caso, não tenho opinião sobre o que (ainda) não conheço e, por isso, limito-me a reflectir sobre o tema proposto no Prós e Contras de anteontem à noite na RTP.

É um tema cuja pertinência se coloca muito para além dos argumentos orais e presumo que escritos invocados por Carrilho ou das suas teses conspirativas. E mesmo que Carrilho aja apenas por ressentimento, cegueira e incurável narcisismo, o pior que os que acreditam ainda na nobreza do jornalismo poderiam fazer era não assumir que o eco excepcional que o livro encontrou nos media reflecte, ironicamente, os sintomas de uma doença grave dos próprios media.

Vivemos, de facto, num clima de promiscuidade crescente, perversa e quase irrespirável entre o sistema político e o sistema mediático, e nessa promiscuidade não existem actores verdadeiramente inocentes, como lembrou Pacheco Pereira (ele próprio, aliás, um dos comentadores e agentes políticos mais insinuantes, com presença semanal em duas colunas na imprensa escrita e num programa de debate na televisão). Acresce que a promiscuidade entre os dois sistemas é agravada pela degradação dos padrões éticos e técnicos do jornalismo e pela mediocridade e vazio da vida política. Um ambiente extremamente propício, portanto, aos pescadores de águas turvas que fazem o contrabando entre os dois lados (papel atribuído a agências de comunicação e assessores governamentais ou partidários). Se a isto somarmos a porosidade cada vez maior entre os negócios económicos e políticos, com uma malha apertada de troca de favores, o quadro está quase completo. Ficam ainda a pairar outras suspeitas de corrupção sórdida entre os vários elos da cadeia - pretexto para generalizações abusivas e inverosímeis (como pretendeu fazer Carrilho na RTP) mas que a engrenagem da promiscuidade institucionalizada favorece.

A degenerescência dos media como indispensável contrapoder democrático não é, longe disso, uma originalidade pátria, mas a escala diminuta do mercado interno, o peso da iliteracia e os efeitos corrosivos da crise económica tornaram Portugal particularmente vulnerável a essa deriva. A espiral avassaladora e quase generalizada da tabloidização informativa (que se acelerou com o aparecimento quase selvagem e desregulado das televisões privadas) teve como contraponto a perda de referências e equilíbrio editorial de alguns órgãos mais influentes da imprensa portuguesa.

Tem-se assistido aí, nos últimos anos, a uma "balcanização" entre áreas de influência política e ideológica, com prejuízo e desprezo crescentes do trabalho especificamente jornalístico (que se tornou, cada vez mais, um preguiçoso jornalismo "telefónico", grosseiramente dedutivo e especulativo, crescentemente vulnerável às fontes anónimas). O exercício gratuito e arrogante do poder mediático, as sentenças definitivas e justiceiras, desvirtuam qualquer preocupação com o rigor, a distância crítica, a imparcialidade e a objectividade da informação. O protagonismo dos jornalistas (directores, editores, redactores) substitui-se ao protagonismo das matérias e actores das notícias. Cada qual puxa para o seu lado e todos coexistem alegremente nas respectivas quintas, sendo o obsessivo missionarismo ideológico de uns "compensado" politicamente pelas opostas afinidades electivas de outros. E há quem reclame, para isto, a caução do "pluralismo"...

Carrilho pode não ter razão nenhuma - e, na verdade, não fez por tê-la no debate de anteontem. Mas a forma como hoje funciona uma grande parte da comunicação social portuguesa só contribui para que a sua "teoria da conspiração" ganhe eco e credibilidade na opinião pública. Ainda que por linhas tortas, o sucesso editorial do livro do candidato frustrado à Câmara de Lisboa já serviu para lançar um debate que uma arrogante nomenclatura jornalística se recusa persistentemente a fazer. Carrilho pretende que a culpa da sua derrota não foi dele - foi dos outros. Será dos outros também a culpa dos jornalistas que não fazem verdadeiro jornalismo?

9:19 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Ó Vicente, o tamanho desse comentário arrisca-se a sofrer da mesma patologia que ataca o jornal Público todas as semanas com os artigos do João Bénard da Costa

4:33 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

What's new? A direita sempre teve um fraquinho pela sopeira.

8:08 da tarde  

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