A talentosa Srª Graça
Eu costumava ir almoçar e jantar fora com o meu pai e a minha mãe muitas vezes. Hoje em dia, vou menos. Na outra semana até fomos ao Pap`Açorda e até foi bom. Mas desnecessário. Passo a explicar: é estúpido sobrecarregar o orçamento familiar quando temos uma cozinheira digna de várias estrelas michelin cá em casa. Exacto: a Graça Lucena é uma máquina de pratos exóticos. E todos os meus amigos o sabem.
Hoje, por exemplo, o Martim veio cá almoçar a casa. Ele julgava que seria mal-tratado e fez aquelas cerimónias parvas que gosta tanto de fazer - "Vê lá se não sou um peso?" "Se fosses um peso não te convidava, estúpido!". Passemos ao que interessa, a Graça Lucena tratou bem o Martim e apenas fez o que faz todos os dias com todos os convidados (eu e o meu pai somos apenas os convidados mais frequentes): tratou-o como se ele fosse um condenado à morte a pedir a sua última refeição. Ou seja, cozinhou uma bruschetta cheia de alho, tomate e azeite de trás-os-montes. E depois, também de trás-os-montes, uma alheira rebentada acompanhada de batatas alouradas no forno com a capa ainda estaladiça. E também havia bróculos com bom aspecto(eu não gosto e o meu tio João da Câmara costumava dizer "ainda bem que não gosto de bróculos porque se gostasse comia e detesto") e uma linguiça preta que estava de morrer. E repare-se que a Graça Lucena ainda teve o topete de dizer que hoje a coisa não estava muito boa porque tinha sido apanhada "desprevenida". Mas isso é um código que ela usa e que só entende quem já provou o seu pargo no forno. E, verdade seja dita, o pargo é um assunto demasiado sério para tratar aqui. Fica prometido que vou fazer uma saga culinária dedicada apenas ao extraordinário talento da minha querida mãe.
(revisto)
Hoje, por exemplo, o Martim veio cá almoçar a casa. Ele julgava que seria mal-tratado e fez aquelas cerimónias parvas que gosta tanto de fazer - "Vê lá se não sou um peso?" "Se fosses um peso não te convidava, estúpido!". Passemos ao que interessa, a Graça Lucena tratou bem o Martim e apenas fez o que faz todos os dias com todos os convidados (eu e o meu pai somos apenas os convidados mais frequentes): tratou-o como se ele fosse um condenado à morte a pedir a sua última refeição. Ou seja, cozinhou uma bruschetta cheia de alho, tomate e azeite de trás-os-montes. E depois, também de trás-os-montes, uma alheira rebentada acompanhada de batatas alouradas no forno com a capa ainda estaladiça. E também havia bróculos com bom aspecto(eu não gosto e o meu tio João da Câmara costumava dizer "ainda bem que não gosto de bróculos porque se gostasse comia e detesto") e uma linguiça preta que estava de morrer. E repare-se que a Graça Lucena ainda teve o topete de dizer que hoje a coisa não estava muito boa porque tinha sido apanhada "desprevenida". Mas isso é um código que ela usa e que só entende quem já provou o seu pargo no forno. E, verdade seja dita, o pargo é um assunto demasiado sério para tratar aqui. Fica prometido que vou fazer uma saga culinária dedicada apenas ao extraordinário talento da minha querida mãe.
(revisto)
11 Comments:
desta vez não houve champignons a estragar o menu.
Cícera
Tens uma (g)ralha na primeira linha.
Um texto da segunda divisão b da blogosfera não a merece.
Depois de te encontrar providencialmente - vitória benfiquista pressentida e prefigurada - já não resisto a tais oferendas culinárias.
Abração, vou lincar-vos!
Luís Carmelo.
Disseram-me que a Ana Sá Lopes («Glória Fácil») vai trocar o «Público» pelo «DN».
Martim: parabéns pela 'contratação do teu jornal
E o chutney de coentros?!!
Obrigado Dia e seja bem-vindo senhor professor (o Luís Carmelo é para aí o homem mais culto que eu conheço e merece indubitavelmente ser tratado por professor). E, já agora, também é verdade que a Graça Lucena faz um chutney de coentros. Picante.
aqui neste blogue , ainda correm ventos de LIBERDADE , ao contrário do que se passa com os " Bichos Carpinteiros " que optaram pela CENSURA comentários !!querem cortar as palavras aos anonimos !
Liberdade responsável. Uma coisa que muitos anónimos parecem esquecer.
Meu caro FTA.
É certo que não nos conhecemos, mas o estômago une-nos (e não, não somos siameses coreanos separados à nascença!). Queira considerar V. Exa. a minha disponibilidade para vos acompanhar (ao Martim também, e ele conhece-me) nessas incursões gastronómicas, se porventura esse prodígio preparar também umas migas de broa de milho com bróculos e um bacalhau à narcisa.Por favor, mas por favor, convidem-me. Sou fácil de encontrar, o DD tem o meu número e estou sempre no INsubmisso. UM abraço
também queeeeero!!!
NB: e podes sempre convidar-me em cima da hora.
A Graça Lucena responderá aos vossos pedidos. Estou certo. Só não sei é quando.
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