sábado, fevereiro 25, 2006

Da liberdade à barbárie

Quando há dias questionava, acerca do caso David Irving, se «faz sentido condenar alguém à prisão por defender uma tese, por mais absurda que possa ser?», não estava apenas a ser retórico.
É óbvio que não faz sentido. Mas - sim, sou dos que usam muito o mas... - a resposta que me deu o Paulo Gorjão [Bloguitica] toca exactamente no ponto a que queria chegar. Diz ele, citando Ralf Dahrendorf: «In my view, Holocaust denial should not be outlawed, in contrast to the demand for all, or any, Jews to be killed.»
O problema é que eu acho que uma coisa nunca pode ser totalmente desligada da outra. Ou seja, apenas em teoria acho possível que alguém ponha em causa o Holocausto sem que isso acarrete uma certa dose de anti-semitismo. Assim como não acho possível fazer cartoons de Maomé sem que tal gesto contenha a sua dose de islamofobia.
Nenhum gesto que tenhamos - a liberdade de expressão, por exemplo - vive no vazio. Somos cultura, produto e produtores de cultura, e por isso tudo o que fazemos/dizemos tem valor em contexto.
Insisto nisto porque a defesa radical que está a ser feita da liberdade de expressão contém em si o germe da barbárie. Do gesto sem cultura, da pulsão animal.
[Em desacordo, A Arte da Fuga?]

3 Comments:

Blogger Rui MCB said...

Hum. Uma vez que alinhei com o Paulo segue o seguinte. Se o João tiver razão, há muitos anos que se expressam opiniões com algumas doses de cristianofobia (sempre que se faz um cartoon com o papa, por exemplo). Acho que tem sido muito saudável para a nossa sociedade conseguirmos conviver com essas formas de expressão (até pela nossa história, até pela nossa cultura). Acho que tem ajudado a desmontar ou a pre-evitar algumas pulsões mais violentas (de acção e reacção). Estarão a conduzir à barbárie? Não me parece, antes pelo contrário.

12:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não tenha nada contra Judeus ou Arabes, desde que não me incomodem. Sou amigo de todos até prova em contrário. Mas está provado que era impossivel matar aqueles milhões de pesoas em tão pouco tempo.

Alguns foram mortos, o resto usado como arma de arremesso de Judeus americanos para a criação de Israel e para não se fazer nada contra as barbaries destes (como se faz contra as dos outros) porque «coitadinhos ds Judeus, foram massacrados por Hitler».

Vasco C.

3:06 da tarde  
Blogger AMN said...

Em desacordo, sim...
Mais detalhes na fonte :)
Um abraço
a.

11:53 da manhã  

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