terça-feira, março 06, 2007

Colagem dedicada ao tipo de gatarrão que gosta de dar bacalhaus com duas patas e unha por aparar*


O que é sempre de temer é que os mundanos troquem entre si boutades borgeanas, como já estão a trocar boutades pessoanas e, assim, infantilizem tudo, como é próprio dos mundanos ou mesmo dos vestibulantes: rapazes jeitosos quando tiram o crocodilo com monograma de prata do bolso peitoral para te mostrarem o filho a cores, hílare e sadio, quando ainda mal pensaste em fumar e já estão a dar-te clic lume com o dânil ou despretensiosos, com o zipo, então remorde-te petiz, põe-me os olhos nesses exemplos vivos do saber viver, do saber atravessar. São esses para quem a meia hora entre casasair e pontopicar fogem em saltos de gafanhoto do amarelo eléctrico para o verde autocarro, na afli-aflição de não picar a vermelho. São esses: os dos dentes insuportavelmente brancos que hão-de deitar tudo a perder, os das insolentes dentuças a relampejar dentífricos sorrisos, cabeças meios roladas sobre os não menos insuportáveis ombros tisnados nus. Aqueles que escrevem a pele ebúrnea dos pretos, um pequenino electrão ou o cavalo perdeu em altura o que ganhava em comprimento. Os que adormecem rosto pálido para acordarem, não pele vermelha, mas sim, e sempre, rosto pálido. Os que fazem das palavras simples vazadouros dos mais simples sentimentos, habitantes de Aluminiopolis que entram no Martins & Costa a pedir, com o enfado que o entendimento dá, uma garrafa de Borguès.

*Este post é uma colagem de várias crónicas de Alexandre O´Neill. Só, e mal, cerzi.