Espanha e Portugal
O excelente Santiago Segurola escreve hoje um artigo sobre a selecção espanhola que deveria merecer ampla discussão em Portugal. Intitulado a "selecção libertada", Santiago explica como é que a equipa espanhola abandonou o modelo dos últimos anos: um modelo "sem ideologia, ou seja com ruído e com fúria". Nos últimos anos, escamoteando a herança de Cruiff, o futebol espanhol perdeu-se nas confusões de treinadores, como Clemente, que pensavam, cito, que "com el tiqui tiqui no se va a ninguna parte". Assim esta selecção espanhola é uma selecção libertada - "nos últimos 40 anos nunca a Espanha entrou num Mundial ou num Europeu com uma equipa sem peões defensivos no meio-campo". Camacho e Clemente apostaram em jogadores como Baraja, Nadal ou Hierro. O futebol era assim, volto a citar, "dominado por los sectores mas conservadores".
A novidade é que Aragonês, um veterano, decidiu "acabar com os velhos preconceitos e escalou uma equipa dominada por centrocampistas essencialmente criativos, sem serem macios, uma crítica que os defensores da fúria fazem recorrentemente." Tudo isto porque se a Espanha, tal como Portugal, "se distingue por algo é pelos seus meio-campistas". Xabi Alonso, Iniesta, Xavi, Cesc Fabregas e até Senna (tal como Figo, Maniche, Deco, Cristiano Ronaldo, Simão) jogam "elaboradamente". E jogam assim porque "foram educados pela proposta futebolística de Cruiff". Jogam assim porque são "inteligentes, porque confiam na associação como primeira ideia, porque mastigam o jogo mas não são intransigentes e porque qualquer um deles te surpreende com um passe de golo. E além disso sabem defender-se: fazem-no através de uma cuidadosa posse de bola". A Espanha "joga sem fúria, que é uma investida obtusa" e joga sem extremos puros que, no caso espanhol, "nunca marcaram a difeença e produziram desequílibrios tácticos graves". E o problema é que se a Espanha se "libertou das velhas grilhetas no primeiro jogo", Portugal ficou acorrentado a Petit, aos trincos (jogaram Tiago, Costinha, Petit, Maniche) e aos extremos pouco deambulantes. E, principalmente, a uma ideia que nunca fez escola: jogar à defesa e pelo seguro. Espera-se, sábado, o regresso à casa do "tiqui tiqui".
A novidade é que Aragonês, um veterano, decidiu "acabar com os velhos preconceitos e escalou uma equipa dominada por centrocampistas essencialmente criativos, sem serem macios, uma crítica que os defensores da fúria fazem recorrentemente." Tudo isto porque se a Espanha, tal como Portugal, "se distingue por algo é pelos seus meio-campistas". Xabi Alonso, Iniesta, Xavi, Cesc Fabregas e até Senna (tal como Figo, Maniche, Deco, Cristiano Ronaldo, Simão) jogam "elaboradamente". E jogam assim porque "foram educados pela proposta futebolística de Cruiff". Jogam assim porque são "inteligentes, porque confiam na associação como primeira ideia, porque mastigam o jogo mas não são intransigentes e porque qualquer um deles te surpreende com um passe de golo. E além disso sabem defender-se: fazem-no através de uma cuidadosa posse de bola". A Espanha "joga sem fúria, que é uma investida obtusa" e joga sem extremos puros que, no caso espanhol, "nunca marcaram a difeença e produziram desequílibrios tácticos graves". E o problema é que se a Espanha se "libertou das velhas grilhetas no primeiro jogo", Portugal ficou acorrentado a Petit, aos trincos (jogaram Tiago, Costinha, Petit, Maniche) e aos extremos pouco deambulantes. E, principalmente, a uma ideia que nunca fez escola: jogar à defesa e pelo seguro. Espera-se, sábado, o regresso à casa do "tiqui tiqui".
1 Comments:
Classificar o Tiago ou o Maniche (jogadores, independentemente da valia, em tudo semelhantes posicionalmente a Fabregas ou Iniesta) é um disparate de quem não vê ou não quer ver.
Mais, dizer que o Senna ou que o Xabi Alonso não são trincos, é um disparate ainda maior.
A euforia com o primeiro jogo espanhol (foi bom, sim senhor) esquece um 'minor detail': os fora de jogo mal assinalados a Schevchenko (que joga à Milan, no limite) quando partia isolado para a baliza dariam para dois ou três golos.
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