Lisboa
As últimas eleições autárquicas foram reveladoras. Para os lisboetas porque descobriram como uma campanha desastrosa pode trucidar um candidato. Para mim, que já conhecia a vaidade do candidato socialista, porque revelaram o carácter de Carmona Rodrigues. Foi de facto paradoxal que no momento em que Carmona Rodrigues chamou "grande ordinário" a Carrilho, eu tenha ficado com a impressão que o futuro presidente da Câmara não era muito melhor que o seu oponente.
Optando por uma estratégia de silêncio e simpatia, sublinhando sempre o contraste entre a sua condição de engenheiro e a dos políticos profissionais, Carmona já não conseguira esconder a sua irritação em vários momentos da campanha. O túnel do metro, o projecto do Parque Mayer, a situação financeira da câmara foram alguns dos dossiers que facilmente espoletaram a sua ira.
Passados poucos meses das eleições, confirmam-se as minhas piores expectativas. As jóias da coroa do património camarário foram vendidas sem alaridos a grandes promotores imobiliários. Não fosse a tentativa de corrupção de José Sá Fernandes, o Vale de Santo António, os terrenos de Alcântara e os da Feira Popular (negócios de mais de 200 milhões de euros) nem sequer teriam feito levantar um sobrolho. O Parque Mayer continua a ser um cartaz com uma foto e o túnel do Metro está na mesma. Depois de passar meses a negociar uma solução de governo com Maria José Nogueira Pinto, não apresentou um único projecto que faça ter esperanças nesta capital cada vez mais abandonada, suja, engarrafada, endividada e incivilizada. Na balança política, parece agora certo que o silêncio e a simpatia pesam mais do que a arrogância e a vaidade. Mesmo que seja Lisboa a sofrer as consequências.
Optando por uma estratégia de silêncio e simpatia, sublinhando sempre o contraste entre a sua condição de engenheiro e a dos políticos profissionais, Carmona já não conseguira esconder a sua irritação em vários momentos da campanha. O túnel do metro, o projecto do Parque Mayer, a situação financeira da câmara foram alguns dos dossiers que facilmente espoletaram a sua ira.
Passados poucos meses das eleições, confirmam-se as minhas piores expectativas. As jóias da coroa do património camarário foram vendidas sem alaridos a grandes promotores imobiliários. Não fosse a tentativa de corrupção de José Sá Fernandes, o Vale de Santo António, os terrenos de Alcântara e os da Feira Popular (negócios de mais de 200 milhões de euros) nem sequer teriam feito levantar um sobrolho. O Parque Mayer continua a ser um cartaz com uma foto e o túnel do Metro está na mesma. Depois de passar meses a negociar uma solução de governo com Maria José Nogueira Pinto, não apresentou um único projecto que faça ter esperanças nesta capital cada vez mais abandonada, suja, engarrafada, endividada e incivilizada. Na balança política, parece agora certo que o silêncio e a simpatia pesam mais do que a arrogância e a vaidade. Mesmo que seja Lisboa a sofrer as consequências.
6 Comments:
Mesmo que o FTA possa ter razão na avaliação do carácter (que - ainda - não me interessa discutir), parece acreditar que entre os dois teria de haver um melhor que o outro.
No máximo acho que poderia concluir que ficámos a perder por ter escolhido a simpatia. O que não me parece grande coisa apesar de valer alguma coisa.
Em suma, dizer que Carmona não é tão bom como parecia não implica que Carrilho não fosse tão mau quanto prometia.
Acho que tem toda a razão, Rui. O post podia ser mais claro em relação à questão do carácter deste Carmona.
E também me parece improvável que Carrilho, veja-se o que tem acontecido na concelhia do PS, fosse muito melhor...
Foi a vitoria do candidato sic.
O túnel do metro? o que é que o túnel do metro tem a ver com a câmara?
o túnel é, como bem dizes, do Metro, que, à boleia do outro túnel, o do marquês (nas entranhas do qual, curiosamente, nos conhecemos), quer ver pagas pela CML as obras que deveria ter feito há não sei quantos anos.
E, passados cinco meses, parece-me que o cenário não é assim tão mau (apesar de eu subscrever as críticas aos negócios estranhíssimos a que chamas joias da coroa).
Acabo de vir de uma reunião de câmara, onde depois de 3 horas de discussão (graças ao vereador Sá Fernandes que se perde em longas intervenções), se aprovou, com os votos da CDU, PSD, CDS-PP e abstenção do PS, um plano de urbanização, o da avenida da Liberdade, que está há 15 anos na gaveta, adiado sucessivamente.
15 anos/ cinco meses. Não me parece um mau rácio.
E eu que vivo no Marquês, que sou uma dos poucos milhares que vivem na zona degradada de uma das encostas da av. da Liberdade, tenho alguma esperança neste plano. Não é tudo mau. E desculpa a invasão da tua caixa de comentários.
Dia
E o pior de tudo é que não há mesmo luz ao fundo do túnel... Só água.
Sobre as duas figuras, a de Carmona e a de Carrilho, deveríamos falar de ideias, isto é de substância, em vez de falarmos de pessoas. É certo que questões de carácter nos fazem esbarrar. Nem um nem outro, pelo que vimos, merecem simpatias.
Mas há diferenças de ideias e de práticas. Carmona, na altura a substituir Santana, mostrou-se sempre um político disfarçado de técnico, sem ideias nem projectos.
Carrilho, pelo contrário, enquanto Ministro da Cultura tinha mostrado ideias claras, sentido de projecto e políticas fortes. Entre os dois, não tenho qualquer dúvida que Lisboa perde com Carmona. Não perdoo, por isso,
a Carrilho ter desperdiçado todo o seu capital anterior. Sou forçado, neste caso, a dizer que a vaidade é uma forma de estupidez.
Enviar um comentário
<< Home