segunda-feira, fevereiro 27, 2006

O perigo das ideias

Continuamos em desacordo, de facto [A Arte da Fuga].
Escreve AMN: «Será que a expressão das ideias, apenas escritas, encerra um gesto anti-semita que deve se combatido, porque ameaçador? Não posso concordar.»
Esse é o ponto central sobre o qual discordamos. Eu penso que as ideias, os escritos, podem ser tão perigosos quanto os actos.
E escreve AMN: «E a bem dizer, a propagação das ideias do senhor faz mais pelo seu descrédito do que o seu silêncio bem comportado.»
Pois... mas isso é o AMN. Acho exactamente o contrário. A História e a realidade mostram-nos todos os dias que as piores ideias se propagam mais rapidamente que as melhores. Uma pessoa, como o AMN, a quem o Holocausto repugna, verá nos escritos do Irving um disparate sem nome. Aqueles que nutrem ódio pelos judeus verão nas teses (nas ideias...) de Irving uma sustentação dos seus actos.
Obviamente, eu tenho um dilema. Prezo a liberdade. A de expressão, por exemplo. Mas teimo em pensar que a vida em sociedade se baseia em regras aceites por todos. E que, para que todos convivamos, é sempre necessário abdicar de algo. É esse equilíbrio que, em minha opinião, se está a perder com esta história dos cartoons e do senhor Irving.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Os muçulmanos?! Têm que abdicar de quê??? A questão em causa não passa pelos muçulmanos, nem pelos judeus, nem pelos cristãos e, muito menos ainda, passará pelos ateus, agnósticos, gnósticos ou outras quaisquer convicções ou ausência de convicção religiosa! O que está em causa é a liberdade de existir. Este é que é o princípio básico de toda e qualquer liberdade. Enquanto não respeitarmos a liberdade de existir do outro, daquele que não é o "eu" (individual ou colectivo), não devemos sequer colocar a questão da liberdade de expressão. É que facilmente esquecemos os ensinamentos básicos, porque se assim não fosse saberíamos que qualquer acto de comunicação para ser efectivo não é um mero débito de palavras entre um possível emissor e um suposto receptor. Além de um canal e de um código, é necessário o elemento FUNDAMENTAL : o CONTEXTO! Sem este, a mensagem não se realiza! E a ausência de contexto ou a inadequada contextualização é que é, certamente, a matriz de toda e qualquer fobia!

11:24 da manhã  
Blogger AMN said...

Pois, parece que sim, que não é desta que nos pomos de acordo. E ainda bem, para que a blogosfera faça algum sentido. A resposta já lá está.
Um abraço e obrigado,
a.

12:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

seria interessante conhecer a opinião do escritor deste post sobre o caso dos computadores do 24 horas e depois comparar.
viva a liberdade se vem ao encontro das minhas ideias.

1:25 da manhã  

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