terça-feira, março 21, 2006

ideologias, ideologias...

nos últimos meses, tive de fazer uma data de análises. recorri, por indicação da minha médica, a um estabelecimento privado, com o qual - por acaso - a minha entidade patronal tem um acordo, em termos de seguro de saúde. com a melhor das intenções, fui activando o dito seguro, guardando a minha parte da despesa (ainda são uns contitos valentes) para meter na caixa, numa de «distribuir o mal pelas aldeias» e fazer o estado poupar uns cobres comigo.

há dias, mandei as despesas para a caixa. pois qual não foi a minha surpresa ao receber, ontem, uma carta, devolvendo-me os recibos das análises - «os documentos tinham de ser originais». ora eu, apesar do carimbo e da assinatura da funcionária do centro de análises, mandava apenas cópia, fezendo o original seguir para a companhia de seguros.

hoje liguei para a caixa. repetiram-me a lenga-lenga e eu lá aleguei que era estúpido, que se havia um privado que podia pagar parte, porquê sobrecarregar o estado? para quê pôr todos os contribuintes a pagar uma despesa, quando esta podia ser distribuida entre dos dois sistemas? pedi-lhe que mandasse uma notinha com a reclamação para a direcção regional de saúde. mas ela, já sem ouvir, já só repetia: «são as regras. são as regras». pois as regras que as metam num certo sítio!

e de repente, não páro de pensar: com estes argumentos de m****, como é que continuas a pensar que o melhor caminho é o da esquerda?

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E pode saber-se em que é que a esquerda vem ao caso?

7:58 da tarde  
Blogger luisnaves said...

As regras, neste caso, parecem lógicas. Se compreendi, o Estado recusou-se a pagar aquilo que o seguro não pagava. Mas, se não houvesse seguro, o Estado também não teria pago a 100%. De facto, não se compreende, neste texto, o que justifica o desabafo final. Se o modelo americano estivesse em vigor em Portugal, a inês seria uma privilegiada, com acesso a medicina de alta qualidade, paga pelo seguro.Mas nos EUa 40 milhões de pessoas (15% da população) não têm cobertura de seguro e, por isso, têm assistência médica com nível de terceiro mundo.

8:28 da tarde  
Blogger lr said...

Também acho que a lógica dessa situação disparatada não dá para entender - incluindo os originais terem de ir para o seguro e as cópias para o Estado; porque não o contrário??? - mas daí concluir que é responsabilidade da esquerda...?!

10:17 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

eu já tive essa discussão, com o parto da minha filha. a caixa acabou por desembolsar 90 por cento de 600 contos, porque se recusou a pagar 90 por cento de cento e poucos contos que que excediam o plafond do seguro de saúde. é genial!

dia

1:25 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Está na moda dizer mal da esquerda por tudo e por nada. Se houver um terramoto, a culpa é da esquerda.
Há 300 anos pessoas como a inês estavam a regojizar-se com os autos-de-fé praticados pela Inquisição. Porque os que iam para a fogueira eram cristãos-novos, judeus encapotados. A culpa era deles.
Pessoas assim ajudam a compreender a essência dos instintos mais vis da natureza humana.

6:39 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Ó Inês, isso é um bocadinho esperteza saloia, num achas? Então tu querias meter as despesas, ao mesmo tempo, no seguro (privado) e na Caixa (do Estado). Ou seja, querias ter a despesa coberta a cem por cento quando nem uma nem outra coisa o admitem? Se tens seguro, e o usas, evidentemente o Estado considera que não tem que te pagar nada. Os dois regimes são alternativos, não acumulativos.
Bjs
JPH

1:16 da tarde  
Blogger inês said...

luis, a questão é mesmo essa: se não houvesse seguro, o estado pagaria a 100%! porquê, então, pagar 100% de x+y se podia pagar apenas 100% de x??? (obrigada pelo exemplo, dia)
e é aí (para quem não percebeu) que entra a questão da esquerda/americana: às vezes, nestas condições, torna-se difícil defender o SNS.

nota para o anónimo das 6.39am: bastava conhecer-me para saber que sou judia (ou cristã-nova). pelo que lhe devolvo o mimo: «Pessoas [que escrevem comentários] assim ajudam a compreender a essência dos instintos mais vis da natureza humana.»

1:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu sou o "anónimo das 7:58" e continuo a não perceber porque é que a esquerda é para aqui chamada.Os sistemas sociais de assistência na doença não são de esquerda nem deixam de ser; o mesmo se pode dizer da burocracia, da "red tape" e da falta de inteligência.
E, se se pensar o contrário, as pessoas bem pensantes e que não são de esquerda (como parece ser o caso d autora do post), deviam renunciar a esses sistemas sociais e confiar-se, à americana, nos seguros de doença, expondo-se a uma das mais infernais e kafkianas estruturas do Mundo. Falo por experiência própria mas bastaria conhecer algumas reportagens e alguma ficção americana sobre o assunto para ficarmos conversados.

3:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O serviço nacional de Saúde é exelente(penso que o 6 a nivel mundial), e o mais possivel de esquerda, cobre com igual tratamento todos os cidadão independentemente do IRS.

É quase imposivel tornar a saúde rentavel pois os serviços são cada vez mais caros.

Por exemplo: analises num privado duvido que sejam feitas, um parto num privado se correr mal tem que haver uma transferencia para um público, etc, etc

5:48 da tarde  
Blogger inês said...

oh JPH, devemos ter escrito ao mm tempo, portanto não viste o meu comentário. mas eu repito: as análises são pagas a 100% pela caixa! ou seja, eu quis meter o seguro para poupar uns trocos ao estado, mas este não aprecia o meu procedimento. ou seja, prefere pagar 100%.

quanto à esquerda, «anónimo das 7.58», leia o comentário do seu homónimo das 5.48 PM. e registe que se esta situação me enerva é, justamente, por ser... de esquerda.

6:11 da tarde  
Blogger GONIO said...

O "drama" da esquerda é que o Estado tem de meter a mão em todo o sítio, secando tudo o que há à volta, nomeadamente a iniciativa privada. Mesmo que isso custe mais uns "milhõezitos" ao Estado.
Ou de outra forma mais explícita: quanto mais pobres houver, mais facil é controlar - e limitar - a vida dos cidadãos.
É assim tão difícil perceber onde é que entra a "esquerda"?

9:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Este não é o lugar ( nem estas são as pessoas) para (e com) manter uma polemicazinha infantilóide, por muita auto-satisfação que ela traga a “ideólogos” de pacotilha sobre o que é ou não de esquerda.
Mas...alguns pontos:
1-SNS é uma coisa; sistemas de previdência social e assistência na doença são outra, muito mais antiga do que o SNS (que data dos anos 70 e 80, depois do 25 de Abril); o SNS é apenas uma parte do sistema geral de previdênci social;
2-a Segurança Social, que era aquilo de que falava o post) é apenas 1 pequena peça da enorme maquinaria que é o chamado Estado do Bem-Estar, ou, para poliglotas, o "welfare state".
3-a concepção deste último vem do sec.XIX, deve-se em boa parte a um senhor chamado Bismarck que não era propriamente de esquerda e espalhou-se pela Europa com o patrocínio de governos de todas as cores;
4) Até sob o Salazar (ou, pode dizer-se, desde ele) existem, neste cantinho, sistemas de segurança social que comparticipam as despesas com a doença e que a autora do post tentou utilizar.
Nota final:nada como um blog e a respectiva caixa de comentários para bocas foleiras, infundamentadas e superficiais e gente armada ao pingarelho.

9:38 da manhã  

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