ideologias, ideologias...
nos últimos meses, tive de fazer uma data de análises. recorri, por indicação da minha médica, a um estabelecimento privado, com o qual - por acaso - a minha entidade patronal tem um acordo, em termos de seguro de saúde. com a melhor das intenções, fui activando o dito seguro, guardando a minha parte da despesa (ainda são uns contitos valentes) para meter na caixa, numa de «distribuir o mal pelas aldeias» e fazer o estado poupar uns cobres comigo.
há dias, mandei as despesas para a caixa. pois qual não foi a minha surpresa ao receber, ontem, uma carta, devolvendo-me os recibos das análises - «os documentos tinham de ser originais». ora eu, apesar do carimbo e da assinatura da funcionária do centro de análises, mandava apenas cópia, fezendo o original seguir para a companhia de seguros.
hoje liguei para a caixa. repetiram-me a lenga-lenga e eu lá aleguei que era estúpido, que se havia um privado que podia pagar parte, porquê sobrecarregar o estado? para quê pôr todos os contribuintes a pagar uma despesa, quando esta podia ser distribuida entre dos dois sistemas? pedi-lhe que mandasse uma notinha com a reclamação para a direcção regional de saúde. mas ela, já sem ouvir, já só repetia: «são as regras. são as regras». pois as regras que as metam num certo sítio!
e de repente, não páro de pensar: com estes argumentos de m****, como é que continuas a pensar que o melhor caminho é o da esquerda?
há dias, mandei as despesas para a caixa. pois qual não foi a minha surpresa ao receber, ontem, uma carta, devolvendo-me os recibos das análises - «os documentos tinham de ser originais». ora eu, apesar do carimbo e da assinatura da funcionária do centro de análises, mandava apenas cópia, fezendo o original seguir para a companhia de seguros.
hoje liguei para a caixa. repetiram-me a lenga-lenga e eu lá aleguei que era estúpido, que se havia um privado que podia pagar parte, porquê sobrecarregar o estado? para quê pôr todos os contribuintes a pagar uma despesa, quando esta podia ser distribuida entre dos dois sistemas? pedi-lhe que mandasse uma notinha com a reclamação para a direcção regional de saúde. mas ela, já sem ouvir, já só repetia: «são as regras. são as regras». pois as regras que as metam num certo sítio!
e de repente, não páro de pensar: com estes argumentos de m****, como é que continuas a pensar que o melhor caminho é o da esquerda?
12 Comments:
E pode saber-se em que é que a esquerda vem ao caso?
As regras, neste caso, parecem lógicas. Se compreendi, o Estado recusou-se a pagar aquilo que o seguro não pagava. Mas, se não houvesse seguro, o Estado também não teria pago a 100%. De facto, não se compreende, neste texto, o que justifica o desabafo final. Se o modelo americano estivesse em vigor em Portugal, a inês seria uma privilegiada, com acesso a medicina de alta qualidade, paga pelo seguro.Mas nos EUa 40 milhões de pessoas (15% da população) não têm cobertura de seguro e, por isso, têm assistência médica com nível de terceiro mundo.
Também acho que a lógica dessa situação disparatada não dá para entender - incluindo os originais terem de ir para o seguro e as cópias para o Estado; porque não o contrário??? - mas daí concluir que é responsabilidade da esquerda...?!
eu já tive essa discussão, com o parto da minha filha. a caixa acabou por desembolsar 90 por cento de 600 contos, porque se recusou a pagar 90 por cento de cento e poucos contos que que excediam o plafond do seguro de saúde. é genial!
dia
Está na moda dizer mal da esquerda por tudo e por nada. Se houver um terramoto, a culpa é da esquerda.
Há 300 anos pessoas como a inês estavam a regojizar-se com os autos-de-fé praticados pela Inquisição. Porque os que iam para a fogueira eram cristãos-novos, judeus encapotados. A culpa era deles.
Pessoas assim ajudam a compreender a essência dos instintos mais vis da natureza humana.
Ó Inês, isso é um bocadinho esperteza saloia, num achas? Então tu querias meter as despesas, ao mesmo tempo, no seguro (privado) e na Caixa (do Estado). Ou seja, querias ter a despesa coberta a cem por cento quando nem uma nem outra coisa o admitem? Se tens seguro, e o usas, evidentemente o Estado considera que não tem que te pagar nada. Os dois regimes são alternativos, não acumulativos.
Bjs
JPH
luis, a questão é mesmo essa: se não houvesse seguro, o estado pagaria a 100%! porquê, então, pagar 100% de x+y se podia pagar apenas 100% de x??? (obrigada pelo exemplo, dia)
e é aí (para quem não percebeu) que entra a questão da esquerda/americana: às vezes, nestas condições, torna-se difícil defender o SNS.
nota para o anónimo das 6.39am: bastava conhecer-me para saber que sou judia (ou cristã-nova). pelo que lhe devolvo o mimo: «Pessoas [que escrevem comentários] assim ajudam a compreender a essência dos instintos mais vis da natureza humana.»
Eu sou o "anónimo das 7:58" e continuo a não perceber porque é que a esquerda é para aqui chamada.Os sistemas sociais de assistência na doença não são de esquerda nem deixam de ser; o mesmo se pode dizer da burocracia, da "red tape" e da falta de inteligência.
E, se se pensar o contrário, as pessoas bem pensantes e que não são de esquerda (como parece ser o caso d autora do post), deviam renunciar a esses sistemas sociais e confiar-se, à americana, nos seguros de doença, expondo-se a uma das mais infernais e kafkianas estruturas do Mundo. Falo por experiência própria mas bastaria conhecer algumas reportagens e alguma ficção americana sobre o assunto para ficarmos conversados.
O serviço nacional de Saúde é exelente(penso que o 6 a nivel mundial), e o mais possivel de esquerda, cobre com igual tratamento todos os cidadão independentemente do IRS.
É quase imposivel tornar a saúde rentavel pois os serviços são cada vez mais caros.
Por exemplo: analises num privado duvido que sejam feitas, um parto num privado se correr mal tem que haver uma transferencia para um público, etc, etc
oh JPH, devemos ter escrito ao mm tempo, portanto não viste o meu comentário. mas eu repito: as análises são pagas a 100% pela caixa! ou seja, eu quis meter o seguro para poupar uns trocos ao estado, mas este não aprecia o meu procedimento. ou seja, prefere pagar 100%.
quanto à esquerda, «anónimo das 7.58», leia o comentário do seu homónimo das 5.48 PM. e registe que se esta situação me enerva é, justamente, por ser... de esquerda.
O "drama" da esquerda é que o Estado tem de meter a mão em todo o sítio, secando tudo o que há à volta, nomeadamente a iniciativa privada. Mesmo que isso custe mais uns "milhõezitos" ao Estado.
Ou de outra forma mais explícita: quanto mais pobres houver, mais facil é controlar - e limitar - a vida dos cidadãos.
É assim tão difícil perceber onde é que entra a "esquerda"?
Este não é o lugar ( nem estas são as pessoas) para (e com) manter uma polemicazinha infantilóide, por muita auto-satisfação que ela traga a “ideólogos” de pacotilha sobre o que é ou não de esquerda.
Mas...alguns pontos:
1-SNS é uma coisa; sistemas de previdência social e assistência na doença são outra, muito mais antiga do que o SNS (que data dos anos 70 e 80, depois do 25 de Abril); o SNS é apenas uma parte do sistema geral de previdênci social;
2-a Segurança Social, que era aquilo de que falava o post) é apenas 1 pequena peça da enorme maquinaria que é o chamado Estado do Bem-Estar, ou, para poliglotas, o "welfare state".
3-a concepção deste último vem do sec.XIX, deve-se em boa parte a um senhor chamado Bismarck que não era propriamente de esquerda e espalhou-se pela Europa com o patrocínio de governos de todas as cores;
4) Até sob o Salazar (ou, pode dizer-se, desde ele) existem, neste cantinho, sistemas de segurança social que comparticipam as despesas com a doença e que a autora do post tentou utilizar.
Nota final:nada como um blog e a respectiva caixa de comentários para bocas foleiras, infundamentadas e superficiais e gente armada ao pingarelho.
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