terça-feira, dezembro 13, 2005

Conversa de café (II)

Eu também tenho as minhas conversas de café. E, dada a minha condição de morador do bairro do Príncipe Real (durmo no Parque das Nações mas vivo nas imediações da Escola Politécnica), tenho o privilégio de ter conversas que fariam inveja a qualquer candidato presidencial. Há uns poucos dias encontrei na Cister (como quase todos os dias) o Serras Gago. E ele contou-me a extraordinária história do homem que costumava levar a sua mãe (então criança) a comprar laçarotes para a cabeça na Baixa. O homem, que aproveitava as excursões às retrosarias para beber um capilé, era empregado do avô do Serras e sempre que se aproximava um carro apertava com mais força a mão da menina. O dito senhor também gostava de fazer sempre uma pausa por volta da hora do almoço. Pedia ao avô do Serras se podia ia visitar o seu amigo Abel. O avô do Serras, que prezava muito o empregado (ele escrevia em inglês as melhores cartas comerciais que já foram vistas na história das relações anglo-portuguesas) dava sempre autorização para os encontros. Um dia, porém, não resistiu à curiosidade e perguntou-lhe quem era o Abel. O funcionário disse a rir que era o Abel Pereira da Fonseca (comerciante de vinhos). Fernando Pessoa sempre gostou do seu copo.

2 Comments:

Blogger Sílvia said...

E foi esse mesmo funcionário que escreveu o primeiro slogan publicitário digno desse nome em Portugal (se não estou em erro, para uma nova bebida chamada coca-cola): "Primeiro estranha-se, depois entranha-se". Infelizmente, o patrão não estava à altura do seu génio. Incompreensível, no mínimo...

4:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Gosto de te ler. Por isso faz o favor de escrever que eu preciso de ânimo!

4:41 da tarde  

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