quarta-feira, setembro 21, 2005

O posfácio

A promulgação dos diplomas que alteram os regimes de saúde e de reforma dos militares por Jorge Sampaio precisamente na véspera da manifestação das senhoras dos colegas da 1ª Companhia é um acto marcadamente político, de cariz afirmativo (raramente visto no personagem), e que se saúda perante mais uma daquelas reacções corporativas que só nos podem levar a dizer que enquanto existirem é porque este Governo ainda vai fazendo alguma coisa de bem feita.

O prefácio foi discreto, a obra propriamente dita medíocre, mas será que o dr. Sampaio vai fazer destes derradeiros meses de mandato algo de positivo? Era um bom posfácio para este livro de dez cinzentos capítulos (anos)...

Falta apenas, para não deixar borrar a pintura, a Sampaio recusar-se marcar um referendo sobre o aborto encavalitado entre eleições, com os candidatos presidenciais em plena estrada, numa altura em que se vota no Parlamento um Orçamento de Estado absolutamente decisivo para se perceber o caminho que esta Legislatura pode tomar até ao seu final.
Uma decisão acertada (e que ainda poderia ser complementada com a marcação do dito referendo para Abril de 2006, o que a lei permite) que viria corrigir uma trapalhada que só envergonha aqueles, como eu, que há muitos anos defendem o fim da ignomínia que é a punição criminal das mulheres que abortam.