quarta-feira, setembro 14, 2005

Autofagia

Assusta a tentação autofágica do actual poder socrático. Ao mesmo tempo que revela (pelo menos à superfície) decisão e poder afirmativo, nomeadamente no combate às corporações, deixa escorrer o capital de crédito por entre os dedos a uma velocidade vertiginosa.
No mesmo dia em que não cede aos militares que se manifestam perante o aumento da idade de serviço necessária para a reforma, o poder da rosa decide colocar no Tribunal de Contas um seu deputado. De forma a que, garantidamente, não haja a reedição das "forças de bloqueio".
Quando vota a lei que retira as reformas vitálicias aos políticos, deixa que o seu camarada Vitorino vá ganhar uns milhares num duvidoso contrato entre um escritório de advogados e uma entidade pública.

E o que mais espanta é como não percebem estes senhores que bastam segundos para abalar irremediavelmente a confiança conquistada com meses de esforço e trabalho?
...O problema, no fundo, é que se calhar percebem isso de forma cristalina, preferindo deixar-se andar num sistema que privilegia os benefícios individuais imediatos em detrimento dos interesses colectivos mediatos.
Dito de outra forma, é tirar tudo o que pudermos e quem vier a seguir que feche a porta!!!

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Claro que o objectivo são os privilégios individuais. Alguma dúvida? Há 20 anos que os fundos comunitários não têm servido para mais nada. Não temos agricultura, nem pesca, nem industria. Mas estamos quase com uma rotunda per capita...que outro europeu se pode gabar do mesmo?

5:01 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

E chegou a haver, mesmo, uma genuína réstia de esperança no sentido da moralização...

As recaídas na descrença são mais corrosivas do que a falta de fé.

6:05 da tarde  

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