Sporting

Sou sportinguista desde que me lembro. Sou sportinguista dos jogos de matraquilhos com o meu primo Simão; sou sportinguista do "oh senhor dê-me a mão para eu entrar" à porta da Luz onde levei cinco secos e uma molha inesquecível. Sou sportinguista desde o tempo em que o Nicolau (dizem os entendidos que era melhor que o Reinaldo) jogava na Académica. Sou sportinguista da fila para fazer o Joaquim (um dia de vida) sportinguista como eu. Sportinguista em Campo Maior, na Póvoa, no velho Mário Duarte (a música de uma novela qualquer tocava na instalação sonora no dia em que o Cadete meteu um golo de calcanhar) ou no moderníssimo AXA (o Pinilla meteu, em Braga, três de uma vez só depois de na viagem, palavra de honra, ter dito ao Óscar "aposto que o cabrão vai meter um hat-trick". Sou sportinguista do Bento a bater no Manuel Fernandes; sou sportinguista do Manoel, do Ralph Meade, do Salcedo, do Careca (o novo Eusébio) e do Eskilson. Também sou sportinguista do Figo a fintar uma equipa inteira em Coimbra, do Sousa a marcar um golo ao Athletic que a RTP não transmitiu ou do Verão quente em que trocámos o Futre pelo Jaime Pacheco (que não era mau jogador, não era não). Sou sportinguista do mais mítico golo dos últimos tempos (contra o Alkmar) visto sozinho numa redacção vazia - os pulos quando se está sozinho na sala são mesmo solitários - e sou sportinguista da Ulrica a dizer "oh Chico não digas tantos palavrões. É só um jogo". Alguém podia explicar a esse cabrão desse extremo que ser sportinguista é passar a bola ao colega isolado?