quinta-feira, março 02, 2006

Al-Qaeda

O Martim diz que o mundo está mais perigoso desde o ataque das Torres e o Paulo Gorjão concorda. Nem vou discutir essa evidência (aliás o moralismo do tipo "eu senti mais o 11 de Setembro do que tu" irrita-me). É lógico que o ataque foi brutal mas isso não vem ao caso. A verdade é que o mundo também ficou mais perigoso desde a invasão do Iraque. E por razões que dizem directamente respeito à Al-Quaeda.
Num artigo de Abdel Bari Atwan, publicado no último Sunday Times, o único jornalista que privou durante longo tempo com Bin Ladden explica que a guerra no Iraque é a resposta ao sonho de sempre do milionário saudita. O próprio Bin Ladden disse-o ao jornalista, quando ainda se encontrava em Tora Bora, no Afeganistão: "Queremos que os americanos nos venham combater em terreno muçulmano. Se pudermos combater no nosso terreno vamos ganhar-lhes porque a batalha será feita nos nossos termos e numa terra que eles não conhecem nem entendem".
Mais, a mudança de base da Al-Quaeda para o Iraque deu força aos terroristas. Diz o especialista: "O Iraque providencia um ambiente onde se fala árabe e que pertence à cultura árabe. Geograficamente está no centro da região e em termos islâmicos é tão importante como a Palestina ou a Arábia Saudita". Mais, "os apoiantes da Al-Quaeda iraquianos são da minoria sunita que foi marginalizada depois da ocupação". Pior ainda, Al Zarqawi rapidamente emergiu com o herdeiro de Bin Laden. Faz parte da linha dura da Al-Quaeda e o seu objectivo passa, primeiro, por "provocar uma guerra civil que impedirá a minoria sunita de se juntar ao processo político em curso. Segundo ponto, "a guerra civil tirará dos seus lugares os líderes heréticos shiitas, fará o país ingovernável e assegurará o falhanço do projecto americano." Terceiro, Zarqawi "conta com as imensas reservas de suporte militar sunita nos países vizinhos que poderão ajudar os irmãos iraquianos contra as milícias shiitas apoiadas pelo Irão".
Resultado: "a nova geração de líderes da Al-Quaeda está a postos e a organização até se tornou mais radical. A violência contínua contra uma série de alvos no Iraque é claramente destinada a criar choque e aterrorizar os inimigos. Mas o Iraque tornou-se também uma plataforma para lançamento de operações internacionais. A Al-Quaeda não está só a tentar destabilizar o mundo ocidental mas todo o estagnado Médio-Oriente".
Em 2003, num encontro entre Muhammad Makkawi, o estratega militar da Al-Quaeda, e Zarqawi, ficou decidida a implantação dos terroristas no Iraque. O objectivo da estratégia militar foi publicado num site da internet: "Expandir o conflito pela região e envolver os Estados Unidos numa longa guerra de desgaste. Criar o triângulo de horror da jiade que começa no Afeganistão, estende-se pelo Irão e prolonga-se pelo sul do Iraque, Turquia, Líbano e Síria". O artigo chama-se "Guerra Total" e tem como subtítulo "Dentro da nova Al-Quaeda". A viragem que verdadeiramente conta está a acontecer todos os dias. No Iraque.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Mas porque é que para analizar a situação actual no Médio Oriente, se recua no máximo 5 anos? E para trás não há nada?É porque é o periodo em que houve um maior enfoque mediático?
Existe uma guerra no Médio oriente desde (pelo menos) o inicio do seculo passado, e se quiser fazer uma análise séria tem que recuar até essa altura, e "queimar" algumas pestanas.
Assim cai-se neste tipo de argumentação "infantil" ( e n

ao vale a pena "trazer" o PG, porque ele é uma imitação grosseira- vulgo papagaio- do que diz o PP, pelo menos cite o "original" não a cópia))onde se toma partido por qualquer coisa, consoante a superficialidade dos factos e artigos jornalisticos.

9:52 da manhã  

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