sábado, fevereiro 11, 2006

Da cultura e do engate

Os livros para mim são objectos puramente lúdicos. Não os sublinho, não faço fichas, deixo-lhes nódoas, interrompo-os a meio (ou a um quarto ou a um terço), leio clássicos ou literatura de aeroporto, policiais ou filosóficos, porno ou conservadores. Ou seja, leio-os porque me apetece e se não me apetecer não os leio. Tenho-lhes amor mas vivo bem sem eles.
Tenho no entanto uma gratidão sem fim aos livros e à sua única faceta utilitarista: eles são um diabólico objecto de engate. Traduzindo: os livros são afrodisíaco certo (do tipo pau de cabinda) se estivermos a tentar enganar uma miúda de classe média com aspirações intelectuais (há muitas, são giras e não se importam, na generalidade, que a gente salte uns capítulos...).
E é por isso mesmo que eu não consigo entender o Pedro Mexia. Intelectual, possuidor de uma cultura enciclopédica, ele tem a bomba atómica nas mãos. Se ele (que conheço de raspão) saísse à rua e dedicasse as suas noites a contar os segredos da prosa poética de Herberto ou o amor em Stendhal (em vez de papar mais um livro do Sebald no escuro de sua casa), estaríamos, mais dia, menos dia, na presença de um verdadeiro fenómeno sexual, cuja quantidade de esqueletos no armário deixaria envergonhado um cemitério de média dimensão.
Mas não, o escritor prefere fazer prosas minimalistas (nos jornais e nos posts) que versam sobre os seus fracassos amorosos ou, como se isso viesse ao caso, as suas diminutas qualidades físicas. Uma pura perda de energia como posso comprovar sem sequer evocar os comentários lúbricos das minhas amigas sobre a cultura, sensibilidade e talento do Pedro Mexia. Basta dizer o nome Bárbara. Ela não trocou o Pedro Miguel Ramos pelo Manuel Maria Carrilho?

1 Comments:

Blogger Claudia said...

O Pedro Mexia é um gentleman.

5:33 da tarde  

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