Carta de um leitor
"Foi pena. Nestas eleições, Soares, o Velho Leão, revelou-se um autêntico amador:
- Em vez de aceitar logo à primeira, o "convite" do PS, devia ter-se feito caro. Devia ter obrigado uma "comissão de independentes" a ir a casa dele e a trazê-lo à força para a campanha. Devia dizer que estava ali a contra-gosto, e que só aceitara porque o tinham obrigado, porque a sua experiência internacional podia ser utilíssima à Pátria.
Depois, devia ter dito bem do Cavaco. Que era um grande economista, um homem honesto, um bom pai de família. Que daria um excelente primeiro-ministro, mas que agora era tarde, porque o Sócrates estava a fazer bem o papel. Que era pena o PSD ter desperdiçado aquele homem, para apostar em carreiristas como o Barroso, o vagabundo do Santana, ou o pigmeu do mendes. Claro que não devia chamar-lhe estes nomes, porque os portugueses, apesar de todos os dias dizerem mal dos vizinhos, não gostam que os políticos digam mal uns dos outros.
Em relação ao Alegre, devia ter-lhe prometido um lugar de embaixador da Língua Portuguesa, evitando a todo o custo que ele se candidatasse. Devia ter-lhe chamado "o maior poeta português vivo", tecer-lhe encómios, pedir-lhe desculpa pelo mal entendido de se candidatar sem o avisar. Podia ter dito que perdera o seu número de telefone e que a tal Comissão de Independentes não o deixara pensar, quanto mais telefonar ao amigo.
O problema é que o Velho Leão sabe praticar a arte da dissimulação, mas não gosta de ser assim tão rasteiro. É demasiado aristocrata para a rasteirice caváquica. O tabú do Cavaco fora um artifício difícil de engolir e ele, Soares, não queria enveredar por caminhos assim. Então enveredou pelo caminho da frontalidade, de dizer o que pensava, de afrontar o Salvador de peito aberto. Tramou-se."
Carlos Pinto
- Em vez de aceitar logo à primeira, o "convite" do PS, devia ter-se feito caro. Devia ter obrigado uma "comissão de independentes" a ir a casa dele e a trazê-lo à força para a campanha. Devia dizer que estava ali a contra-gosto, e que só aceitara porque o tinham obrigado, porque a sua experiência internacional podia ser utilíssima à Pátria.
Depois, devia ter dito bem do Cavaco. Que era um grande economista, um homem honesto, um bom pai de família. Que daria um excelente primeiro-ministro, mas que agora era tarde, porque o Sócrates estava a fazer bem o papel. Que era pena o PSD ter desperdiçado aquele homem, para apostar em carreiristas como o Barroso, o vagabundo do Santana, ou o pigmeu do mendes. Claro que não devia chamar-lhe estes nomes, porque os portugueses, apesar de todos os dias dizerem mal dos vizinhos, não gostam que os políticos digam mal uns dos outros.
Em relação ao Alegre, devia ter-lhe prometido um lugar de embaixador da Língua Portuguesa, evitando a todo o custo que ele se candidatasse. Devia ter-lhe chamado "o maior poeta português vivo", tecer-lhe encómios, pedir-lhe desculpa pelo mal entendido de se candidatar sem o avisar. Podia ter dito que perdera o seu número de telefone e que a tal Comissão de Independentes não o deixara pensar, quanto mais telefonar ao amigo.
O problema é que o Velho Leão sabe praticar a arte da dissimulação, mas não gosta de ser assim tão rasteiro. É demasiado aristocrata para a rasteirice caváquica. O tabú do Cavaco fora um artifício difícil de engolir e ele, Soares, não queria enveredar por caminhos assim. Então enveredou pelo caminho da frontalidade, de dizer o que pensava, de afrontar o Salvador de peito aberto. Tramou-se."
Carlos Pinto
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