sábado, dezembro 17, 2005

O Correio da Manhã, as miúdas e a banalidade do mal, outra vez

O Correio da Manhã, um jornal cheio de qualidades, faz todos os dias o retrato desse Portugal feio, porco e mau. O Portugal onde se assassinam mães à facada, enterram polícias por causa de uns trocos e matam crianças porque sim. Pode não se gostar do jornal, mas parece-me indiscutível que é o jornal que melhor serve de espelho ao país que temos. No caso da Fátima Letícia, mais uma vez, o CM insistiu em mostrar-nos o que ninguém quer ver. E porque é que não queremos ver? Não tenho uma resposta, tenho uma citação de uma carta da Hannah Arendt: "Tenho hoje, com efeito, a opinião de que o mal nunca é radical, que ele é apenas extremo e de que não possui nem profundidade, nem qualquer dimensão demoníaca. Ele pode invadir tudo e assolar o mundo inteiro precisamente porque se espalha como um fungo. Ele desafia o pensamento, como disse, porque o pensamento tenta alcançar a profundidade, ir à raiz das coisas, e no momento em que se ocupa do mal sai frustrado porque nada encontra. Nisto consiste a sua banalidade". Não gosto nada de contemplar a minha própria impotência.

1 Comments:

Blogger Toix said...

Desde que alguém se lembrou de dizer que notícia é o homem morder o cão...
Quem passar à noite na Praça da Alegria, há de ver a quantidade de gente que, anònimamente, vai dar de comer aos "sem abrigo".

7:25 da tarde  

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