quarta-feira, novembro 09, 2005

Independências (II)1989

Apesar da hora matinal, continuo a revista dos melhores momentos da nossa literatura erótica, compilados por Inês Pedrosa no Independente. Nesta segunda série consegue descobrir-se o talento escondido de António Lobo Antunes para a prosa/poesia porno. Ora veja-se: "Quem navega à bolina no teu ventre?" (Memória de Elefante); "falta-me a tua vagina ensolarada para ancorar a minha vergonha de ternura, o meu pénis erecto que se curva para ti como os mastros se inclinam na direcção do vento" (Os cús de Judas)"; "O corpo do alferes sacudiu-se três ou quatro vezes em impulsos decrescentes e aterrou no lençóis como um motor avariado ou um náufrago na praia"(Fado Alexandrino) ; "(...) ao percorrer, fascinada,a monumentalidade náutica desse pénis florido de insígnias e ecos temeu sentir-se perfurada por uma energia muito maior do que o seu útero, que a desarticularia (...)"; "Mas os pulsos do marinheiro imobilizaram-lhe de golpe as nádegas com a força com que trinta anos antes domavam rodas de leme desvairadas por temporais, sofreu, a centímetros da cara, um sopro de beribéri e de bagaço digerido, e achou-se, por fim, apunhalada por uma enxárcia descomunal que vibrava no seu corpo dezenas de estandartes reais de caravela (As Naus)".

Espero que tenha sido tão bom para vocês como foi para mim.