Maradona
Era eu puto. Ouvia falar no Eusébio, no Cruyff e no Pelé. Mas foi com ele que eu primeiro vibrei a sério a ver futebol. No mundial de 86, no México. Havia o Burruchaga, o Valdano. Mas aquela equipa azul-celeste era o pé esquerdo do Maradona. Lembro-me dos quartos-de-final contra a Inglaterra (do Lineker). Da mão de Deus, mas sobretudo daquela bola ganha antes do meio campo. Da volta sobre si próprio e sobre os adversários. Do pique. Da finta em velocidade. Da estupidez que era tentar fintar o guarda-redes (o Peter Shilton), depois de ter passado por meia equipa inglesa. Do colar a bola ao pé e só rematar quando a linha de fundo tornava já quase improvável o golo.
Lembro-me das meias-finais e de como uma vez mais Maradona deu cabo da Bélgica. Houve a final contra a Alemanha e o erguer da Taça por El Pibe.
Lembro-me depois do Mundial de 90, em Itália. Com uma Argentina envelhecida, cuja única centelha de talento vinha de Caniggia. Mas tinham Maradona. E eliminaram o super Brasil nos oitavos de final. Deram cabo da Itália, e em casa destes (ainda por cima em Nápoles. A Nápoles que era italiana mas idolatrava Maradona). E voltaram à final, contra a Alemanha (novamente), de Matthaus e Brehme. Perderam.
Lembro-me do homem que fez do Nápoles campeão de Itália. De uma Itália em que o norte esmaga economicament o sul.
Agora, Kusturica vai filmar Maradona. Mas filmar os momentos de magia nunca será o mesmo que a magia de quem viveu os momentos.
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