domingo, dezembro 05, 2004

A campanha começou

A campanha já começou, está na rua, e anuncia-se bem violenta. A mais cruel dos últimos anos. O tema de partida é o dr. Sampaio. Inevitável. Santana Lopes não perdeu muito tempo e depois de sucessivas proclamações de respeito pela figura do presidente da República, escolheu um jantar na Póvoa de Varzim para inaugurar a época de jogo às canelas. Durinho e de pé em riste.

No fato que mais gosta, o de candidato-espicaçado-e-vítima-do-mundo-que-não-o- compreende, o líder do PSD escolheu uma imagem biblíca e, tal como por três vezes Pedro negou o nome de Cristo, por três vezes Santana disse ter ouvido da boca de Sampaio a garantia de que tudo estava bem no seu reino, para no dia seguinte fazer o contrário e mandar o País para eleições antecipadas.

Desengane-se quem esperava que Santana ficasse quieto no seu canto enquanto fritava no óleo da dissolução. A derrota, se chegar, será vendida cara e bem cara por um homem para quem as campanhas eleitorais são o alimento vital. Com ataques de carácter pelo meio, se necessário for.

Enquanto isso, o chefe de Estado, que anunciou só falar uma vez, multiplica-se em comunicados e declarações justificativas diárias (indo até à balbuciada serenidade emocional - deem-lhe um ansiolitico), descendo de um patamar que devia ser o seu para entrar numa campanha que não é a sua.

Tudo isto seria muito engraçado, se não estivéssemos a falar do presidente da República e do primeiro-ministro. O sentido de Estado fugiu para parte incerta.

Enquanto isto, o PS vê-se engolido num jogo que certamente não seria o seu. Sócrates não imaginou por certo que as suas Novas Fronteiras passassem por ter de vir todos os dias a público defender o camarada Sampaio. A colagem pode acabar por não lhe ser muito benéfica.