Copypaste
A campanha do além
Soares não tem sentido a presença de Sócrates, mas crê que o "espírito" do líder do PS vagueia por lá, entre o povo das arruadas, os comícios e os almoços de carne assada. Mas será o chamamento espírita suficiente para ajudar o "pai da democracia" a ver a luz da segunda volta ao fundo do túnel em que se meteu?Alegre, de peito feito e voz tonitruante, faz a campanha eleitoral com uma jamais vista evocação de mortos por minuto de discurso. De Norton de Matos a Miguel Torga, de Salgado Zenha a Fernando Vale, passando por Álvaro Cunhal. Chamamentos por entre versos da "Trova do Vento que Passa", beijos a estátuas e discursos junto a túmulos. E, espantoso, quanto mais agita os espíritos do além, mais, no mundo terreno, parece subir nas intenções de voto. Estranha contradição? Talvez não... Veja-se Cavaco. Esfíngico, continua a caminhada silenciosa e hermética, em que o expoente de expressividade é um esgar de desagrado para não comentar Santana. Um percurso imaculado e quase inabalável nas sondagens. Cavaco não fala - logo, não comunica com os vivos -, mas tem a vitória nas mãos, e talvez já nem a "descida" de Sócrates à terra para o circo da campanha consiga evitar azia socialista na noite de 22.Daqui a uns dias ouvir-se-á ali para os lados do Largo do Rato o mesmo que Cavaco soltou há dez anos, depois de perder para Sampaio "Mais dois meses e..." Não há mais dois meses, nem sequer mais duas semanas.O que há, curioso fado, é uma campanha longa, combativa, intensa, reunindo alguns dos maiores da democracia lusa, que termina com a discussão política arredada e o mundo do esoterismo em crescendo. No fundo, podemos esconder o mito sebastiânico bem lá nos confins do baú, que da bruma mística não há maneira de nos livrarmos. Está visto.
[publicado ontem no DN]
Soares não tem sentido a presença de Sócrates, mas crê que o "espírito" do líder do PS vagueia por lá, entre o povo das arruadas, os comícios e os almoços de carne assada. Mas será o chamamento espírita suficiente para ajudar o "pai da democracia" a ver a luz da segunda volta ao fundo do túnel em que se meteu?Alegre, de peito feito e voz tonitruante, faz a campanha eleitoral com uma jamais vista evocação de mortos por minuto de discurso. De Norton de Matos a Miguel Torga, de Salgado Zenha a Fernando Vale, passando por Álvaro Cunhal. Chamamentos por entre versos da "Trova do Vento que Passa", beijos a estátuas e discursos junto a túmulos. E, espantoso, quanto mais agita os espíritos do além, mais, no mundo terreno, parece subir nas intenções de voto. Estranha contradição? Talvez não... Veja-se Cavaco. Esfíngico, continua a caminhada silenciosa e hermética, em que o expoente de expressividade é um esgar de desagrado para não comentar Santana. Um percurso imaculado e quase inabalável nas sondagens. Cavaco não fala - logo, não comunica com os vivos -, mas tem a vitória nas mãos, e talvez já nem a "descida" de Sócrates à terra para o circo da campanha consiga evitar azia socialista na noite de 22.Daqui a uns dias ouvir-se-á ali para os lados do Largo do Rato o mesmo que Cavaco soltou há dez anos, depois de perder para Sampaio "Mais dois meses e..." Não há mais dois meses, nem sequer mais duas semanas.O que há, curioso fado, é uma campanha longa, combativa, intensa, reunindo alguns dos maiores da democracia lusa, que termina com a discussão política arredada e o mundo do esoterismo em crescendo. No fundo, podemos esconder o mito sebastiânico bem lá nos confins do baú, que da bruma mística não há maneira de nos livrarmos. Está visto.
[publicado ontem no DN]
4 Comments:
Mais histórias de plágios
Pronto. É sina assente: agora, tudo o que tenha a ver com o gamanço de escritos alheios tem de me vir parar ao desktop. Ainda acabo como metade da população portuguesa: processado pela Clara Pinto Correia, que gastou esta semana a justificar, no "24 Horas", os seus tormentos e a ameaçar este e aquele com ferozes litigações, pois "agora já não vai sair barato dizer mal de mim". Isto enquanto persiste na colocação de aspas a proteger a palavra "plágio", quando aplicada à sua pessoa, mas enfim. (Espero que ela não descubra que escrevi há um ano que "o Jorge Listopad e a Clara Pinto Correia deviam ser banidos para a Zona Fantasma"...)
É que nossa Margarida conseguiu por fim encontrar um texto assinado por Francisco Louçã em 2001 e outro de Michel Chossudovsky, alguns dias anterior. Podem ler ambos aqui. Até me dei, não fossem acusar-me de escasso empenho analítico, ao trabalho de assinalar a vermelho as passagens literalmente comuns aos dois artigos. Mas não era preciso; eles estão obviamente irmanados e expõem os mesmos factos, o mesmo raciocínio e a mesma conclusão.
Plágio? Para ter a certeza, precisaria de verificar alguns dados: datas, notas, o texto assinado por Louçã. Mas admito que parece bastante provável.
Sei que pode soar a coisa estranha, mas é verdade, Margarida: nem todos fechamos os olhos ao que parece ser a evidência só porque esta nos desagrada.
Postado por Luis às 06:26 PM | Permalink | Comentários (26) | TrackBacks (2)
(http://aspirinab.weblog.com.pt/)
Gostei da luz ao fundo do túnel... em que se meteu. Sobretudo se a luz for do comboio que vem em sentido contrário!
Mais um morto evocado por Manuel Alegre: Martin Luther King.
muito bem! gostei!!! já mereces a promoção ;)
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