Soares

Mário Soares está a fazer uma campanha desnorteada. No sentido de não ter rumo. Vamos lá ser sérios: não se espera de um candidato presidencial que passe a vida a comentar boletins clínicos, as características psicológicas dos adversários ou se vai ou não haver debates. Isso é conversa de porta-voz.Cavaco Silva, com todos os seus defeitos, tem uma estratégia definida. Silêncio, silêncio e silêncio.
O segundo grande erro de Mário Soares é que ainda não compreendeu que estas não são as primárias da esquerda. São a primeira volta das presidenciais. Os constantes arrufos com Manuel Alegre não lhe darão um voto dos que precisa roubar a Cavaco.
Pior, isto revela falta de intuição política. O eleitorado urbano sub-30 poderá decidir se Cavaco Silva ganha à primeira ou não. E qual seria a melhor arma para captar esses votos? Seria José Sócrates. Muitos dos que votaram PS nas legislativas não se fartaram do primeiro-ministro. Até o admiram e têm como exemplo. Soares devia passar a vida de braço dado com a esquerda metrossexual. Passearia com Sócrates nos estádios, nos espectáculos da MTV, no Lux e nos tempos de antena.
Incompreensívelmente parece que a candidatura soarista parece estar interessada em manter o primeiro-ministro e todos os dirigentes importantes do PS à distância. O mais votado líder socialista de sempre está (satisfeito) à margem dos acontecimentos. E os seus jovens seguidores votarão Alegre e Cavaco sem medo de lhe desagradadar.
Mesmo desnorteado(o PS tem um eleitorado fiel e grande), Soares pode assegurar uma derrota honrada - ser o melhor dos piores. Não evitará que Cavaco ultrapasse a fasquia dos 50 mais 1.