quinta-feira, novembro 17, 2005

Boletim Médico II

À questão juntou-se entretanto Medeiros Ferreira, que como vizinho do f. decidiu aqui vir bater à porta. Sem razão, no entanto (estamos em casa, podemos dizer isto de quem nos 'visita', não podemos?).
É que o caminho trilhado por JMF é, ainda que involuntariamente, do mais escorregadio que há. Qualquer dia, por esse andar, os candidatos a lugares políticos deixavam de ter de entregar a declaração patrimonial no Tribunal Constitucional para passarem, em vez disso, a entregar uma detalhada ficha clínica no Hospital Santa Maria. Ou mesmo numa daquelas novas unidades do Grupo Mello (que haviam de chamar um figo a tanta informação suculenta junta naqueles arquivos).

Além do que não me lembro de ter visto socialistas indignados pelo facto de François Mitterrand ter durante duas décadas ocultado o seu grave estado clínico (soube-se depois de morrer). Foi eleito nos inícios de 80, esteve Eliseu até meados de 90. Dois mandatos. Sem ninguém saber nada. E bem, digo eu.

E, por último, lembro que a nossa moldura constitucional tem previstas soluções para o caso do impedimento do Presidente da República (número dois e por diante da hierarquia do Estado)... Enfim, não é pelo boletim clínico que ficamos a saber se estamos a eleger o melhor candidato. Nem sequer se é aquele que mais vai durar, pois esses são insondáveis desígnios.

1 Comments:

Blogger Arrebenta said...

Postal de Apoio do "Major" Valentim Loureiro ao Grande Timoneiro de Boliqueime

Professor:

Escrevo-lhe de Gondomar, antes de mais, para lhe dar um sentido abraço de parabéns pela sua candidatura.

É de homens como você que Portugal precisa, homens de valor, prontos para surgir no momento certo, e com um verdadeiro carisma nacional.
Como sabe, juntos fizémos várias maiorias absolutas, e não são as minhas, mais modestas, que poderiam fazer sombra às suas, mas uma coisa é certa, o que une este Homem do Norte, EU, a você, Homem do Sul, é, antes de mais, uma mesma coragem e determinação.
Elas uniram-nos, durante muitos anos, e, deixe-me dizer-lhe, nada as separará, a partir de agora.

Professor, eu sei que a sua campanha, como a minha, também vai ser difícil. Como diz a minha filha, "há muita -- desculpe-me a expressão -- muita trampa neste país, muita gente que não vale nada, muitos zé-ninguéns, muitos domequins-caralhetas, a ocuparem postos importantes", e é essa gente que vai ser capaz de ser a primeira a apontar-nos o dedo a nós, homens honestos, trabalhadores do nosssa área, amigos, de sempre, de empurrar este nosso Portugal para a frente.

Professor, antes de tudo, entenda este postal como uma forma de respeito e amizade, mas quero dizer-lhe ainda mais: nós ganhámos Gondomar, distribuindo fogareiros, televisões e micro-ondas. Digo-lhe do fundo do coração: se precisar de algumas dessas coisas aí em baixo, é só escrever-me, que eu envio imediatamente todos os electrodomésticos que forem necessários para pôr a gentalha aí de baixo a votar no Homem de Portugal, no nosso Cavaco Silva, no Presidente que todos nós trazemos no coração.
Graças a Deus que fundos não nos faltam, e saiba que está consigo a Liga, e o Metro do Porto e todos os cabedais que lá fomos acumulando, justamente, para as necessidades destes dias difíceis.

Vai-me perguntar por que é que este Lutador do Norte lhe escreve hoje este postal tão sentido e inflamado: professor, quem lho escreve é um homem injustiçado, um homem sério, honesto e honrado, cujo nome foi arrastado na lama por uns quaisquer badochas que andam a piolhar pelo Terreiro do Paço.
Professor, eu sei que quando for eleito, a 22 de Janeiro, me poderá ajudar a descobrir os nomes dessa escumalha, do Ministério Público, da Judiciária, dos Tribunais, dessa gente que não recuou perante nada, para me tentar transformar num homem de maus costumes.

Professor, cá em cima, em Gondomar, terra modesta, mas de portugueses honrados e homens fortes, há quem receba 50 € para partir um braço, 100 € para lhes desmanchar os pés, 500 € para os pôr para sempre numa cadeirinha de rodas, 1000 € para deles darem baixa, de vez, nas listas eleitorais.

Essa é gente brava, gente que é paga para cumprir o seu dever.
Cá espero, em cima, em Gondomar de Portugal, que irá em peso votar no Grande Aníbal Cavaco Silva para Presidente, que me envie essa lista de merdosos, mal seja eleito.
Eu vou-me a eles, se for preciso, até lhes chupo o sangue e arranco a carne à dentada. E mais uma coisa que aqui lhe prometo: quando também precisar de mandar algum para o galheiro, é só escrever-me o nome e a morada, que dois dias depois já o tem em coma...
Palavra de Major!...

12:16 da tarde  

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