terça-feira, outubro 18, 2005

Soares, o Calimero

Decidi, desde o início, não responder a provocações caseiras. Por isso não liguei ao enviesamento do FTA, quando aqui falou a propósito do tratamento desfavorável dado a Mário Soares nesta luta presidencial - por comparação com Cavaco Silva, diga-se.
Pareceram-me desculpas de quem se prepara, e sabe que se prepara, para uma estrondosa derrota eleitoral (até agora, nada indicia o contrário).
Quem procura em casa alheia as desculpas para as fraquezas dentro de portas não vai longe, parece-me.
Agora vem juntar-se o bicho-carpinteiro JMF, mentor da candidatura, e mui ilustre membro da sua comissão política, ao coro de reclamações.
Isto porque a iniciativa do dr. Soares de ontem não terá passado em prime time televisivo. Inacreditável a manipulação jornalística das televisões, num dia em que nada se passava no mundo ou em Portugal de mais interessante (que são coisas como a gripe das aves entrar no espaço da UE ou a apresentação pública do mais importante OE dos últimos anos, face ao chá e scones com vista para o Tejo, afinal?)

O que importa aqui não é a reacção A ou B. Antes o que parece poder tornar-se num argumento da campanha soarista, e que importa analisar e desmontar.

Se Cavaco gere os silêncios e as intervenções de forma mais profissional; Se Soares tem vários candidatos do seu espaço político a roer-lhe as canelas; Se as sondagens populares dão ao ex-presidente um atraso considerável; se, se... Tudo isso será culpa ou responsabilidade de quem? Dos jornalistas.
Pois, pois, mate-se o mensageiro...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro Martim Silva:
Acha natural que um telejornal que começa às 20h, dê a reportagem da candidatura presidencial mais avançada em termos públicos no respeitante a declaração de candidatura pelo próprio, constituiçao da comissão política, anúncio das linhas mestras do manifesto, uma hora depois?
Veja a atenção que os balbuciamentos do Prof Cavaco merecem.Ah, os inefáveis critérios jornalísticos...

2:55 da tarde  
Blogger Martim Silva said...

Ponto um: cada iniciativa vale por si própria e pelo peso relativo face ao que as outras, no mesmo dia, valem (por isso falei na gripe das aves ou no OE).
Ponto dois: aquela reunião podia ter sido no Campo Grande ou na Fundação MS. Não precisava nem merecia, per si, aquele aparato público. Não adiantou nem atrasou nada, não deu uma novidade, não saiu dali uma ideia nova. Tratou-se, simplesmente, de marcar terreno face a Cavaco. Normal, mas também é normal que os jornalistas tomem isto em linha de conta.
Ponto três: é sempre um gosto argumentar com um espírito livre e que muito estimo, como é o meu caro JMF. Lamento que, provavelmente pela primeira vez em 30 anos de história da democracia portuguesa, o meu caro desta vez não tenha acertado no nome do próximo presidente da República. Será uma excepção que confirma a regra de um lúcido e arguto espírito político.
Saudações cordiais.

3:05 da tarde  

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