segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Azul céu

O meu filho fez-me agora um desenho no braço com aquelas canetas de bico grosso azul céu. Fez cinco riscos. A história não viria ao caso se eu tivesse algo de interessante para dizer. Como não tenho, vou só escrever que estes riscos fazem lembrar-me as marcas que o meu amigo tem nos braços. É claro que as deles são mais fundas e mais azuis. E estão nas veias. Não saem com álcool, nem com nada. O que até não é mau. Porque me lembram que ele viveu muitos anos no Casal Ventoso. Que esteve preso. Que ficou seropositivo por causa de uma agulha infectada e que fugiu à morte à custa de si mesmo. As linhas no meu braço lembram-me que o meu amigo tem uma empresa que factura milhares de contos por ano. As linhas lembram-me que o meu amigo é um pai extremoso. As linhas lembram-me que o meu amigo é um grande amigo. As linhas lembram-me que o nome do meu amigo devia sempre ser escrito com uma daquelas canetas de bico grosso azul céu.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bonita é a cor da amizade!

Azul céu...

5:59 da tarde  
Blogger Unknown said...

Azul mar, azul céu, azul vida!
Belíssimo post. Comovente. Parabéns!

P.

www.odivademaquiavel.blogspot.com

11:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"Eu vi os melhores espiritos da minha geração..."

10:11 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

The OWL - A. Ginsberg

10:12 da manhã  

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