terça-feira, novembro 29, 2005

A direita, os media, os EUA e Portugal

A primeira parte de um extraordinário artigo publicado na NY Review of Books debruça-se sobre o "fim das notícias" nos EUA. Melhor, debruça-se sobre o progressivo controle da direita evangelista e do governo sobre as televisões, rádios e blogues. Os números e argumentos são avassaladores. Bush recorre a todos os métodos para fazer a ouvir a sua voz: pagar a empresas privadas para fazer vídeos que promovem as suas políticas educacionais; pagar a operacionais republicanos para monitorizarem as opiniões de convidados de programas da televisão pública; aumentar em 81 por cento o número de documentos que passaramm a ser classificados (mais 15 milhões de documentos) em 2004; impedir os jornalistas de filmarem o regresso de caixões de militares mortos no Iraque ou apoiar a campanha de calúnias de antigos veteranos do Iraque sobre Kerry foram alguns dos meios utilizados
Alguns, sublinho eu. Confrontado com uma imprensa tendencialmente liberal (no sentido pejorativo do conceito), os republicanos montaram desde o final dos anos 80 uma estratégia de colocação de aliados políticos no centro das grandes companhias de media. Russ Limbaugh é o melhor exemplo. Dono de um talk show de três horas diárias transmitido em centenas de rádios tem uma audiência semanal de 14 milhões de ouvintes. O apresentador gosta de defender Guantanamo (chama-lhe clube Gitmo), rotular as feministas de feminazis e explicar que o "liberalismo destroi a prosperidade". Os seus seguidores de direita na rádio são mais que muitos. E poderosos. Sean Hannity, outro jornalista (!) de causas divinas, é transmitido em mais de 400 estações e tem uma audiência de 12 milhões semanais. Laura Schlesinger, que gosta de perorar contra homossexuais, tem 8 milhões. Michael Savage, que já disse que os árabes não são humanos, outros oito.
Todos estes comentadores são especializados na defesa do governo e, especialmente, no ataque à imprensa esquerdista: New York Times, Washington Post, CBS e CNN. Como diz o autor desta peça, Michael Massing, todos eles cometem, aos olhos dos radialistas evangélicos, o pecado de "serem pelo grande governo contra o grande negócio; de apoiarem o direito ao aborto contra o direito à posse de armas, por serem democratas contra republicanos".
(continua)

2 Comments:

Blogger Joao Galamba said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

1:10 da tarde  
Blogger Joao Galamba said...

Olha que os liberais ainda te acusam de ignorares o formalismo puro da liberdade de imprensa e de estares a embarcar em derivas neo-marxistas. Nao interessa a substancia, mas apenas a lei. E como diz o ilustre Joao Miranda, tudo (TUDO) o que importa sao as escolhas dos individuos (!!!). E so existem estas. Dito isto, esta tudo bem, pois claro. No fundo esta sempre tudo bem.

ps: e esse NYB nao passa de mais uma instituicao perdida em delirios conspiratorios - um agente tenebroso da esquerda ressentida

1:11 da tarde  

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